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Fotos

Momo

Para Gilda com ardor

Eu marquei 78 encontros com Gilda nas ruas de Curitiba e trago eles aqui.

Aqui é a encruzilhada, o encontro da pororoca. 

Esse é o corpo de um bufão que é oferecido a ti para a alucinação dessa cidade.

Meu coração é feito de forças contrárias - Gildas. Algo que pucha daqui e empurra dali. Alguns dizem destino, eu digo deixe-me ir. Não é coroa, não é pátria, não é conforto. É um caminho na escuridão o que trago dentro de mim.

Em "Momo: Para Gilda com Ardor", o performer e diretor Ricardo Nolasco, colaborador dos coletivos Selvática e O Estábulo de Luxo, é um poeta da presença.

Gordo, barbudo, ele subverte de largada qualquer expectativa efeminada, assim como a icônica travesti que evoca. Morta em 1983, Gilda transgrediu o conservadorismo nas ruas centrais que ocupara desde a década de 1970, vinda do interior paranaense.

Vedete, passista de escola de samba e hábil mediadora na captura de moedas e beijos da caridade alheia, ela surge faceira e vociferante.

Múltiplas visões de um roteiro que chama Artaud, Jodorowsky, Fellini, Sylvio Back e Zé Celso (por extensão) ao desmascarar o dedo em riste do machismo sob a desordem de um cabaré lascivo.

"Momo" culmina no abandono do palco pelos fundos do teatro e vira um bloco puxado por Nolasco, outros atores e o público rumo às ruas do entorno. Devolução simbólica de Gilda ao espaço urbano que ela desterritorializou. 

Valmir Santos

Folha de São Paulo. 2017.

SINOPSE:

Em seu primeiro trabalho solo, Ricardo Nolasco se apresenta como o artista híbrido que é (da performance, situacionista, poeta, artista de cabaré e do teatro experimental). Através do estudo da obra de Alejandro Jodorowsky, o processo remapeia a cidade de Curitiba na busca por Gilda (travesti barbada mendiga famosa nas ruas do centro de Curitiba nos anos 70, morta em 1983) buscando construir uma nova possibilidade para o real através da ficção.
Pés marcados no cimento quase duro de uma política de revitalização.

No corpo do performer entrelaçam-se mitologias, memórias, percursos, vidas, acontecimentos.

É um recipiente alquímico - encruzilhada - lápide sacrificial.

Carta manifesto psicomagia rito jocoso carregada de sarcasmo e ironia.

Um espetáculo bufo.

Uma tragédia pós e pré-dramática.

Uma opereta work in progress xamã.

Ditirambo.

Peça a fantasia.

Vida vagabunda, destino vadio, carne de carnaval.

Gilda é puro jazz!

Histórico:

- Mostra Oficial - Festival de Teatro de Curitiba 2017 - II Curitiba Mostra
- 10ª Mostra Novos Repertórios 2017 (Curitiba - PR)
- Plural - Festival da Diversidade 2017 (Araçatuba - SP)
- 5º  Festival Brasileiro de Teatro Toni Cunha (Itajaí - SC)
- Selva - Mostra de Artes Degeneradas 2019 (Curitiba - PR)

- 17º Festival Internacional de Cabaret (Cidade do México -  MX)
- 24º Festival Isnard Azevedo 2019 (Florianópolis - SC)

Ficha técnica:

Concepção e performance: Ricardo Nolasco
Criadores: Daniela Passarinho, Márcio Mattana, Luciano Faccini, Melina Mulazani, Marina Viana e Leonarda Glück

Colaboração: Gal Freire, Stéfano Belo, Thiago Bezerra Benites, Má Ribeiro, Matê Magnabosco, Francisco Mallmann, Patricia Cipriano
Design de som e trilha Sonora: Jo Mistinguett
Iluminação: Beto Bruel e Semy Monastier
Figurino: Carmen Jorge
Adereço: Max Carlesso
Produção: Renata Cunali e Gabriel Machado
Parceria/realização: Espaço Cênico

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Ricardo Nolasco

Artista de cabaré, xamã, tarólogo, ex-ator, performer, escritor, poeta da presença, diretor de ex-teatro, artista pânico, neon dadaísta, situacionista, professor de artes cênicas e performáticas e flâneur. Gilda, Momo, Goliarda, Zaira Zarathustra, Hugo Bola e infinitos outros duplos. Graduado em Artes Cênicas pela UNESPAR/FAP.  Co-fundador da Selvática Ações Artísticas, do núcleo O Estábulo de Luxo e da ULC (Universidade Livre de Charlatanismo). 
Junto a outros artistas organiza a programação cultural da Casa Selvática. Jogo pelas ruas das cidades por onde passo como se essas fossem o meu playground. Em seu trabalho destaca-se uma arte fronteiriça com referência ao teatro de variedades, a transubstanciação de obras clássicas, questionamentos a respeito da identidade nacional, latino-americana e paranaense. Arte e vida no limite da trituração, do despedaçamento. Desde 2016 desenvolve a pesquisa híbrida de performance, bufonaria e escritos de Artaud com a série Momo. 

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